domingo, 18 de dezembro de 2011

Época 1985/1986: SLB - Club Sport Marítimo

Benfica 9 – Marítimo 0

Sábado, 31 de Agosto de 1985

Este foi o meu primeiro jogo em que apoiei o nosso Glorioso fora de portas. Nessas mini-férias na companhia da minha mãe e de uns amigos (estava eu bem longe de imaginar que um ano depois iria mudar-me de vez para o rectângulo), aproveitei para ir ver o “Meu Marítimo” (perdoem-me a expressão, mas eu sinto este clube como sendo parte mim – logo ......“é meu”).
Ainda com 6 anos, mas com uma larga experiência em acompanhar o Marítimo nos Barreiros (era presença obrigatória, sempre na companhia do meu pai), não tive como recusar um convite para ir ao Estádio da Luz (ainda na versão antiga).


E lá fui – eu e uma das pessoas que tinham vindo nessas miniférias. Confesso que fiquei deslumbrado com a imensidão daquele imponente estádio. No entanto, o que logo me causou maior estranheza foi o facto de não haver ninguém do Marítimo a apoiar.
Pela minha experiência até então, o Marítimo tinha sempre um estádio cheio a apoiar…
Bem, lá me explicaram que ali era a casa do Benfica e que era normal não haver muitos maritimistas. Lá enfiei a viola no saco e quando “o meu Marítimo” entrou em campo, levantei-me todo entusiasmado a aplaudir os meus heróis. Ainda hoje recordo que as pessoas em meu redor olharam para mim com uma certa estranheza, assim com um misto de sorriso de desdém. Não liguei muito. Afinal, eu queria era ver a minha equipa. Sabia que ia ser muito difícil, mas tinha a minha esperança.


Infelizmente as coisas não nos correram bem e o Benfica simplesmente cilindrou-nos por 9 a 0, com dois dos golos (de grande penalidade) a serem marcados pelo único estrangeiro da equipa, um tal de Manniche). Nunca tinha visto o Quim ir buscar tantas bolas ao fundo da baliza…
Lembro-me que à medida que os golos iam aparecendo, a minha tristeza ia sendo cada vez maior, mas acreditei até ao último segundo que iríamos marcar um golo. Essa seria a minha vitória. Nada disso aconteceu, mas no final do jogo, bati palmas (ainda que a chorar). Eu e os 40 mil que estavam no estádio. A diferença é que eu aplaudi os verde-rubros.


Nesse dia ganhei consciência de que era mesmo do meu clube. Quer ganhe, quer perca. Sempre. Ganhei carácter desportivo.
Ainda hoje quando digo que vi essa cabazada ao vivo muitas vezes respondem “Granda vergonha!”. Respondo sempre da mesma forma: “Vergonha, não. Foi com muito orgulho que estive nesse jogo”.

(por Pedro Camacho)

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