domingo, 28 de abril de 2013

Marítimo - Benfica: os dilemas do bi-clubismo

- De que clube és?
   - Do Marítimo.
- Então e o outro?

São poucos os que não indicam um clube para esta segunda pergunta. O bi-clubismo é um fenómeno intrínseco ao futebol português, suportado em grande medida pela comunicação social, e que lhe retira muito do brilho, magia e competitividade que existem noutros campeonatos.

Em Portugal, o ser de dois clubes que disputam uma mesma competição é considerado "normal", bem como existe quem acha que também é "normal" apoiar um clube o ano inteiro e quando o seu outro clube vem jogar contra este, virar a casaca num comportamento camaleónico.
Existem também os que numa muito mal disfarçada tentativa de imparcialidade afirmam que "preferem nem ver o jogo", "estão pelos dois", "querem é um empate", entre outras. O que é certo é que por muito que a língua minta, o coração tende sempre para um dos lados...


Amanhã, o nosso jogo contra o Benfica é um daqueles casos de estudo, uma daquelas situações em que um bi-clubista se vê obrigado a escolher e a revelar a sua verdadeira faceta.

Por um lado, temos um Marítimo que após a derrota no derby, se perder mais pontos vê o comboio europeu a afastar-se muito rapidamente, podendo comprometer a sua 9ªqualificação europeia.
Do outro lado o Benfica lançado para o título, com 4 pontos de avanço sobre o Porto, 2ºclassificado. Ora, o que acontece é que perdendo pontos na Madeira o Benfica tem de se deslocar ao Estádio do Dragão na penúltima jornada considerando a hipótese de que, se perder esse jogo, o Porto passa para a frente e em princípio ganha o campeonato.

Este já é apelidado de "jogo do título" pelos adeptos do Benfica e comunicação social. No entanto, para o Marítimo este também é um jogo fulcral, onde qualquer perda de pontos poderá significar um adeus às competições europeias do próximo ano.
Uma coisa é certa, a margem de erro do Marítimo é muito menor enquanto o Benfica depende apenas de si próprio mesmo em caso de derrota.

Portanto, amanhã é o dia em que aqueles que apoiam dois clubes tenham de escolher entre o seu estarola (que neste caso é o Benfica, mas o Sporting também beneficia com a derrota do Marítimo), que depende de si próprio mas que fica com via aberta para o título se ganhar ao Marítimo ou então se apoiam o clube da sua terra, aquele que lhes é mais próximo e que mais os representa e ao lugar onde nasceram. 
Amanhã os politicamente correctos caem por terra. Amanhã será o dia em que apenas os verdadeiros maritimistas, os que estão com o Marítimo para tudo estarão com o nosso clube.

A tarefa não será nada fácil. Nem dentro de campo, pois o Benfica é uma equipa bastante poderosa nem fora dele pois os madeirenses adeptos este clube, com a ânsia de serem campeões vão retirar os cachecóis e as camisolas do fundo do armário de onde só saem 2 vezes por ano. 
Os preços dos bilhetes (11,50 euros para as laterais e 30 para a central), demasiado baixos para o jogo que é, são um autêntico convite à comparência dos adeptos da equipa visitante e mais uma ajuda para criar um ambiente hostil ao Marítimo.

Assim, pede-se aos que estejam dispostos a apoiar o nosso Marítimo que compareçam em peso e empurrem a nossa equipa para esta importante vitória, contra tudo e contra todos. 
Os Barreiros são nossos, não nenhuma casa do Benfica, e em casa mandamos nós! Por cima de provincianos, adeptos de tv e de camaleões!

Aos outros, especialmente aos que estiverem a ponderar virar a casaca, tenham respeito pela instituição centenária que tanto lutou para que a Madeira pudesse estar representada na principal divisão do futebol português. O Club Sport Marítimo!

MARÍTIMO SEMPRE! 365 dias por ano!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

2ªfutebolada MarítimoNoRectângulo em Lisboa (em parceria com o grupo CSM Fans)

Ontem antes do derby madeirense realizou-se mais um convívio entre adeptos maritimistas em Lisboa. Foram 10 os que responderam ao desafio e juntaram-se no campo de futebol do Campo Pequeno em Lisboa para uma hora de futebol, mas acima de tudo de convívio e de diversão entre pessoas que compartilham o gosto pelo Club Sport Marítimo.

O resultado final foi de 7-7, embora ambas as equipas se queixem da arbitragem. Mas, mais que isso fica para a história a boa disposição e a camaradagem entre os presentes.
Para os curiosos, ficam em seguida algumas fotos:





É certo que na parte da tarde o resultado no derby não foi o esperado. Às vezes também acontecem percalços, e há que ter a noção que no desporto qualquer um dos três resultados possíveis pode acontecer. A luta pela Europa continua e será até à última jornada!

Deixar também uma palavra de apreço aos que se deslocaram à Choupana, que foram em grande número. É que nas vitórias ou nas derrotas a grande mais-valia de um clube são as pessoas (nem todos se podem orgulhar de ter massa humana). E enquanto houver pessoas que gostem realmente do Marítimo quer na Madeira, quer em Lisboa, ou mesmo pelo mundo fora a nossa grandeza perdurará!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Do outro lado do mar: 5 - Para contar aos netos!

Depois de uma época em que coisas não nos tinham corrido de feição, a verdade é que chegámos à última jornada com hipóteses matemáticas de chegar à Europa. Hipóteses complicadas, convenhamos. Estávamos em 7º lugar e tínhamos que obrigatoriamente ganhar em Guimarães e os preto-e-brancos não podiam ganhar ao Braga, no campo do nevoeiro. Só a primeira premissa era difícil, até porque não sendo impossível, a verdade é que a equipa não tinha revelado bases sólidas de poder fazer uma verdadeira surpresa.

No entanto, há coisas que não se explicam e não acredito que um só maritimista não acreditasse na hipótese. E enquanto há hipótese, temos de lutar. Sempre foi assim e desta vez não seria diferente.
Este jogo aconteceu numa altura em que os estudantes andam mais atarefados (não, não é a altura de exames. Como toda a gente sabe, trata-se da altura da Queima das Fitas, o que arrastou imensa gente para Coimbra). Por outro lado, não estava prevista a vinda de nenhuma das claques.

Nada que meta medo: combinei com o grupo do costume – embora com algumas ausências (motivo estudantil) e fomos de carro rumo a Guimarães, com paragem em Aveiro para dar boleia a mais um dos nossos. E assim foi: de Lisboa a Guimarães, com paragem na “Veneza portuguesa”. Ambiente (como sempre) bem disposto e pelo caminho confirmámos que teríamos direito a bilhete para ver o jogo. Bastou uma paragem em Gaia, para levantar os convites no hotel onde o Marítimo estava hospedado. Fomos recebidos por alguns elementos da  Direcção que com alguma admiração – e simpatia – nos deram os ingressos.

Chegados a Guimarães (com uma volta turística à cidade até encontrar o estádio – eu nestas coisas gosto de complicar e nunca encontro o caminho à primeira), lá fomos cumprir o ritual da praxe:  Jogo que é jogo, é precedido de umas belas  jolas. Ficámos sentados numa esplanada e pudemos ver o que antecede um jogo do Guimarães: Famílias inteiras a caminharem rumo ao estádio. Toda a gente vai devidamente “equipada”: cachecol, camisola, casaco… o merchadising do Guimarães funciona e mais importante do que isso, as pessoas sentem, de facto, o clube.

Como tínhamos chegado cedo, decidimos ir ver a entrada dos autocarros. Pois… nós e uns 2000 adeptos do Vitória. Encontrámos 2 elementos do Esquadrão Maritimista. Logo aí começámos a provar algumas provocações vitorianas, mas dentro do aceitável. Aí, fica-me na memória uma resposta do Francisco Nóbrega a um tipo do Guimarães que gozava com a nossa presença escassa (em número). Responde-lhe que éramos uns 500, mas estávamos espalhados. Não contente, acrescenta qualquer coisa como “Vocês agora são muitos, mas eu sou do tempo em que vocês lutavam para não descer e andavam caladinhos”. O outro tipo balbuciou qualquer coisa “Hoje levam pelo menos quatro”, ao que o Francisco contra-respondeu “sim, sim, e só na primeira parte”.
Picardias à parte, coisas normais na bola – quando não passadas para outro extremo - o ambiente estava muito, mas mesmo muito favorável ao Guimarães: mais de 20 mil a puxar para os da casa e quanto aos nossos… bem, os nossos… éramos uns 10 (o pessoal que foi de carro comigo, os dois do Esquadrão e mais uns quantos que tinham vindo do Porto).

E assim chegámos ao interior do estádio: Um segmento da bancada só para nós, perfeitamente isolados (o que eu até prefiro). A polícia avisou-nos logo de início que não seria boa ideia ficarmos por baixo do segundo anel, porque aquilo costumava ferver. Lá agradecemos  o conselho e começámos – finalmente – fazer o que mais gostamos: Gritar e puxar pelo nosso Marítimo.

Quanto ao jogo, já todos sabíamos que ia ser difícil, mas o facto é que estávamos a jogar bem, sem dar grandes espaços e foi uma sensação de meio murro no estômago quando o Valdomiro marcou o primeiro golo da partida. A nossa equipa não se atemorizou e aos poucos foi ganhando cada vez mais confiança. As nossas vozes pareciam começar a ouvir-se no meio daqueles mais de 20 mil e mesmo a acabar a primeira parte marcámos o golo do empate, com o Kléber a não perdoar. Mas que belo tónico, o golo na melhor altura. Acho que nessa altura aquela que era apenas uma hipótese começa a ser, de facto, uma realidade cada vez maior dentro de cada um de nós.

Eis que mais uma vez o Franciso Nóbrega tem mais uma das dele. No meio do intervalo, mete a mão no bolso e diz-me “Agora é que vai ser” e espalha uma data de alecrim pelas bancadas abaixo. Parvoíce ou não, mas pensei comigo mesmo “se tem alecrim, é para ganhar”.

Se foi do alecrim ou não, a verdade é que a segunda parte não meteu medo a ninguém em termos de oportunidades do Guimarães, mas o facto é que o tempo ia passando… rápido demais, diga-se de passagem… Epá, só um golo, pensava eu… É só mesmo um golinho! Parecia que o estômago ia dando de si com a ansiedade a dizer “presente”.  As emoções ainda estavam a começar…

Aos 87 minutos Cherrad assiste Kléber na perfeição e… GGGOOOLLLOOOO. Não consigo expressar por palavras o que senti naquele momento. 20 mil cabeçudos em silêncio e aqueles 10 tipos na bancada atrás da baliza onde nos tinham enfiado em êxtase, a gritar golo a plenos pulmões. É daquelas sensações que não têm preço!

Mas o jogo prosseguia e o impensável acontece: Peçanha é expulso já nos descontos... enorme confusão, até porque a acção passava-se na baliza no extremo oposto. Deu-nos a sensação que seria penalti… mãos na cabeça… sensação de quase vómito…acho que ia-me dando uma taquicardia, um AVC… sei lá. Olho para o Filipe Vasconcelos  e o tipo já estava de costas voltadas, a andar de um lado para o outro, o Pestana quase branco…  Afinal não era penalti, mas já não tínhamos mais substituições a fazer. Paulo Jorge na baliza!  Entretanto, oiço que o nacional estava a ganhar – o que finalmente não se veio a concretizar – o problema é que as pulsações aumentaram para mas 200 por minuto. Entretanto, ataque do Vitória e o Paulo Jorge sai-se com segurança (para mim um dos heróis do jogo)… Tudo isto passou-se em 3 ou 4 minutos, mas pareceram horas intermináveis.

Finalmente o jogo acaba. O impensável aconteceu: Ganhámos em Guimarães, o Braga foi empatar na Choupana e a UEFA era mais uma vez nossa!! Corremos que nem loucos para a vedação e os jogadores vieram todos ter connosco. Fizeram a festa ali ao pé de nós, ofereceram camisolas, mas bem maisimportante do que isso foi a sensação de vitória e conquista mesmo contra todasas probabilidades.

Depois do jogo, provámos o mau perder das gentes de Guimarães… Cadeiras a voar, ameaças disto e daquilo. A azia tem destas coisas, mas lá fomos para o carro em segurança (escoltados pela Brigada Criminal da PSP) e seguimos o conselho: cachecóis só fora da cidade! Achei exagerado, mas verdade é que ainda vimos uns quantos tipos a vaguear pelas ruas com uns paus. Chegados à primeira estação de serviço que encontrámos, saímos do carro e fizemos a festa. E assim foi até chegarmos a casa.  

Por estas é que sou do Marítimo: que sensação aquela que os sortudos que foram a Guimarães puderam experimentar: éramos tão pequeninos no início do jogo e saímos de lá maiores do que um Gigante.
Sobre esta deslocação, vou contar aos meus netos!

Pedro Camacho

sábado, 13 de abril de 2013

Do outro lado do mar: 4 - Atravessar o Alentejo pelo Maior das Ilhas

Decorria o ano 2005 quando me mudava de malas e bagagens para o “rectângulo” com o mesmo objectivo de muitos outros milhares de estudantes madeirenses, em busca de um futuro melhor. Faro seria a minha residência durante os próximos 3 anos, e com a mudança de casa, vinha a saudade (e necessidade) de assistir aos jogos do meu clube do coração. E como é evidente, apenas poderia assistir aos jogos fora de casa.

Foram vários os jogos assistidos entre as épocas 2005/06 e 2007/08 (ainda hoje guardo os bilhetes desses jogos como recordação) na zona da grande Lisboa (Restelo, Bonfim, Amadora, Alvalade e Luz foram os palcos onde estive). Não há nenhum que tenha sido mais importante que outro, mas vou relatar o primeiro, porque o primeiro é sempre o primeiro e por isso é especial.

Dada a necessidade de percorrer os cerca de 300Km que me distanciavam da capital (nestas 3 épocas o Algarve não teve nenhuma equipa na 1ª Liga) e quando os jogos eram às 16h, o despertador geralmente tocava bem cedo (6h da manhã) para apanhar o comboio na estação de comboios de Faro. O comboio partia as 6h45 rumo ao meu sonho. Contudo este jogo apenas se realizara às 20h, mas para conhecer um pouco melhor a capital fui mais cedo. Decorria o gélido mês de Novembro.

Chegado a Lisboa, mais pela tarde foi tempo de entrar em contacto com os restantes maritimistas que vieram da Madeira, com os que residiam em Lisboa e ainda uma comitiva que costumava vir de carro do Porto, num total de cerca de 50 adeptos do Glorioso. O destino seria o Restelo para assistir ao Belenenses – Marítimo que seria transmitido na sport tv (20h). Antes do início do jogo foi tempo de aquecer o corpo com umas jolas numa tasca fora do Estádio e seguir para o mais importante, o jogo.

Foi uma estreia abençoada diria, pois vencemos por 0-1 com um golo de Manduca, numa equipa onde pontificava o “holandês voador” Van der Gaag (agora a ter sucesso no Restelo). No final do jogo apenas metade dos jogadores se dignou a agradecer o apoio dos adeptos (algo que na altura era muito mais frequente que hoje em dia). Mas foram 3 preciosos pontos que me fizeram sentir que o esforço feito valeu a pena.

Chegado ao fim do jogo (22h) seria hora de voltar ao Algarve, comboios por essa hora nem vê-los, só restava os autocarros, onde esperei até à 1h da manhã na Estação de Sete Rios e cheguei ao Algarve por volta das 6h da manhã. Era tempo de recuperar energias e voltar aos estudos. E assim durante 3 anos vivi e respirei Marítimo em solo continental.

Milton.


O Milton também disponibilizou algumas imagens dessa mesma deslocação que, com o devido agradecimento, apresentamos em seguida:





terça-feira, 9 de abril de 2013

Momento do passado: De tirar o CHAPÉU

Antes de mais, este post deve-se à boa vontade e à paixão de um pequeno grupo de adeptos 100% Maritimistas que residem no continente, que se predispuseram a contribuir monetariamente (não foi nenhuma exorbitância, mas o que é certo é que ninguém disse que não) de modo a que o Marítimo No Rectângulo e consequentemente todos os adeptos maritimistas pudessem ter acesso a este momento do nosso clube. O agradecimento pelo que se segue tem necessariamente de ir para estes!

Pois bem, decorria a 10ª jornada da época 1999/2000 e o Marítimo, orientado por Nelo Vingada recebia o Porto, orientado à altura pelo Fernando Santos. Albertino aos 22' e Mário Jardel aos 53' fizeram os golos do empate que se verificava até ao minuto 85'. 

Ora, mas é neste minuto que o Vítor Baía sai da baliza para cortar uma bola e num alívio para o meio campo a bola fica frente ao nosso lateral Rui Óscar que, sem preparação, envia um bilhete triunfal que só foi parar no fundo das redes do Porto.

Festa nos Barreiros! A central explode! Uma invasão de campo por parte de um adepto! Os comentadores nem querem acreditar e dizem que "igual, só mesmo David Beckham no Manchester United"!

Uma coisa é certa, um momento que perdurou mais de uma década na memória dos adeptos Maritimistas que lá estavam presentes!
Após muito se ter pedido e procurado por este vídeo, eis que ele aparece. Como tal, a oportunidade de o conseguir e partilha-lo com todos os Maritimistas não poderia passar. 
Bom, vamos ao que interessa! Aproveitem!


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Barreiros: Work in progress

Apesar de todos os constrangimentos financeiros (que se juntaram a outros N factores, alguns deles provocados por elementos alheios ao clube, por motivos que certamente se prenderão por inveja ao projecto do maior e melhor estádio da Ilha da Madeira) que infelizmente se abateram sobre este projecto desde o início, está a ser feito um esforço por parte dos responsáveis pelo clube para honrar o acordado com a UEFA e terminar a bancada nova a tempo do início da próxima época.

Desta forma, estão a ser executados trabalhos no estádio e já se conseguem vislumbrar evoluções na construção do mesmo. Ao momento, estão a ser executados os trabalhos relativos a arranjos exteriores do estádio e acessos ao mesmo (a rua que passa na parte de baixo do estádio bem como na antiga entrada principal, que agora dará acesso ao topo Norte).

Pelo que pode ser visto, parece que o passo seguinte (pelo menos com maior impacto visual) será a execução da cobertura, pois no estaleiro já se encontram algumas vigas constituintes da mesma. 

No entanto para quem está longe, nada melhor que algumas fotos para demonstrar a execução dos trabalhos:

Maquete do estádio, mostrando aquele que será o seu aspecto final

Vista da bancada nova

Trabalhos na zona da entrada principal



Execução de trabalhos nos acessos ao estádio e arranjos exteriores



Agora a tentativa de um momento interactivo. É sabido que o estádio vai possuir uma zona comercial (não sabemos ao certo em que bancada). Desta forma, iremos colocar aqui algumas sugestões de lojas que poderão ser consideradas para ocupar este espaço, dado que este ainda terá uma dimensão considerável. 
A ideia será que, de acordo com a realidade actual da Madeira, os leitores dêem também algumas sugestões de lojas que possam ocupar o espaço comercial dos Barreiros. 








Do Outro Lado do Mar: 3 - O relato de uma qualificação improvável

Hoje abrimos uma excepção a esta rubrica. Embora seja escrito por alguém que de momento viva no "Rectângulo", acompanhando por lá o Marítimo, este episódio passa-se na Madeira, em pleno estádio dos Barreiros em Maio de 1998. Aqui vai:


"Escrevo esta pequena narrativa, a pedido um amigo meu (Grande Maritimista), que se esforça para que o Clube Sport Marítimo seja cada vez maior e uma maneira simples disso acontecer, é através de vivências e momentos passados por aqueles que tiveram a sorte de estar presentes e ligados ao clube, podendo assim transmitir, sobretudo aos mais novos e aqueles que não sabem ou ainda não sentiram o que é ser o orgulho e a força de uma Região.

Durante estas mais de duas décadas que sigo o Marítimo, foram muitos os momentos bons, como também alguns maus que me fizeram ser um apaixonado por este Clube. Nestes últimos anos que tenho estado a residir fora da Madeira, apesar de serem menores as vezes que posso acompanhar o Marítimo ao estádio, passei ainda assim por vários episódios que certamente jamais esquecerei, onde talvez possa escrever numa outra altura em que me seja endereçado novamente um convite para escrever no Marítimo no Rectângulo.

Alguns destes momentos certamente fariam mais lógica no contexto do blog, mas como tenho o vício de só me sentir completamente satisfeito quando estou em minha casa, tive que escrever sobre uma história passada no Caldeirão.

Era eu uma criança que tinha acabado de fazer 12 anos e durante a semana entes do jogo, só se falava deste acontecimento e das hipóteses que teríamos em ir à Taça UEFA. Complicado diziam uns, impossível dizia outros, a verdade é que não dependíamos apenas de nós, mas sim de uma combinação de resultados que só os mais crentes acreditavam.

Foi assim que no dia 17 de Maio de 1998 que me senti mal acordei. Crente que o dia seria inesquecível, começando logo pela manhã a chatear o meu pai para irmos bem cedo para o Estádio, pois não queria perder pitada do que quer que fosse do jogo. Para minha agonia, ele nesse dia tinha que ir trabalhar, não me dando a certeza que terminaria a tempo de irmos ao jogo. Deu-me a hipótese de ir com ele e caso o trabalho terminasse a tempo, iríamos ver o jogo. E assim foi, peguei no cachecol da sorte e fui na esperança que o trabalho naquele dia não ia ser impeditivo para nada. 

Contava as horas e os minutos…naquele dia pareciam que passavam como se tratasse de um carro de fórmula 1, até que quando faltava sensivelmente meia hora ouvi as palavras mais desejadas, “ainda queres ir ao jogo?”, perguntou-me ele como se tivesse outra alternativa. “Claro que sim!!!”  indo  assim com todo o entusiasmo na esperança de chegar  ainda antes do apito inicial. Lembro-me de entrar no estádio e vê-lo como sempre, cheio e pintado de verde e vermelho (é verdade, antes era assim), mas emoção que pairava no ar era diferente, sentia-se que algo iria acontecer naquele dia cinzento mas belo.

Foi difícil encontrar lugar, mas enquanto ouvia o hino e sentia o divino cheiro da cruz de alecrim, o capitão Carlos Jorge lançava o Leão para as bancadas e nós lá procurávamos um espaço para nos sentar. Não foi por muito tempo, pois logo as 5 minutos marcamos, tornando a festa nos Barreiros ainda mais bonita, só ultrapassada próximo do intervalo com o segundo golo. Ganhávamos assim 2-0 no final da primeira parte a um Porto já campeão nacional naquela época.

Tudo mudou no início da segunda parte com o golo do adversário e faltando cerca de 15 minutos para o fim com o golo do empate… Que dor, sentiram os milhares de Maritimistas que enchiam o Estádio. 

Praticamente na mesma altura, chegou uma boa noticia do outro jogo que nos interessava, o resultado e o animo que todos aqueles adeptos sentiram. O Campomaiorense dava a volta ao resultado no Bessa! Certamente chegou também ao terreno de jogo, pois aos 85 minutos um nome que dificilmente esquecerei devido ao momento, Herivelto, marcou dando assim a maior explosão de alegria que alguma vez vira. O estádio vinha abaixo, lembro-me que da maneira como nos levantamos e saltamos para festejar o golo, foi a mesma que continuamos até ao final do jogo, cerca de 10 minutos em que ninguém naquele estádio se sentou, só ouvíamos Marítimo, Marítimo, Marítimo… Simplesmente lindo e inolvidável.

Quando o arbitro apitou para o final do jogo, recordo-me do treinador Augusto Inácio vir a correr em nossa direcção juntamente com os jogadores e agarrado às grades que separam das bancadas com as lágrimas nos olhos…não existem palavras que façam descrever melhor o momento do que olhar em redor e ver que estava toda a gente assim… A chorar de alegria.

Passados quase 15 anos, este foi o momento que mais me tocou, muitos se aproximaram e num futuro próximo esperemos que muitos mais sejam melhores.
Obrigado Marítimo."

João