sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Liga NOS 2016/2017: Desportivo de Chaves- 0 / Marítimo- 0



18 anos depois da sua última participação na 1ª divisão, o regresso do Grupo Desportivo de Chaves ao principal escalão do futebol nacional ditou o seu reencontro com o maior das ilhas e os diversos actores do Marítimo no Rectângulo não puderam deixar de acompanhar a nossa equipa a um destino tão longínquo como desafiador, cujas obrigações logísticas demonstraram ser mais complicadas do que pareciam à partida.

O facto de o jogo estar agendado para as 11h45 de sábado, obrigou a que a progressiva composição da nossa comitiva, geograficamente distribuída pelo país, começasse em Lisboa às 22h de Sábado, passando por Braga e culminando em Chaves para o apito inicial. Como é evidente, não é a logística que inibe, na maior parte dos casos, os verdadeiros adeptos 100% maritimistas de acompanharem a sua equipa país fora mesmo quando as estrelas não se alinham no presente para resultados históricos.

De notar que este jogo surgiu na sequência de uma eliminação precoce na taça de Portugal pelo que seria inadmissível um rendimento semelhante ao evidenciado nessa competição.

Neste sentido, a equipa apresentou-se defensivamente mais organizada, algo naturalmente correlacionado com o regresso de Raúl e consequente regresso de Patrick à posição de lateral direito e de Deyvison à lateral esquerda.

Se neste aspecto pudemos apresentar uma folha limpa no final do jogo (embora amarrotada e não isenta de erros), a ausência absurdamente prolongada de Dyego baralhou o resto da equipa em busca de soluções onde aparentemente não as há.

Olhando para o meio campo e ataque alinhamos com Éber Bessa, Erdem Sen, Ghazaryan e Fransérgio; Edgar Costa e Brito, i.e. a ausência de qualquer avançado-centro de raiz, desviando a equipa do 4-3-3 que vinha angariando pontos para um 4-4-2 que não só mitigou o potencial dos nossos alas, como retirou rotinas nas manobras ofensivas. Será isto consequência da ausência de Dyego, do atrevido meio campo do Chaves, que vinha a causar surpresa na liga, ou ambas as hipóteses?

Independentemente da causa, a consequência foi um jogo tão tímido como o da deslocação a Arouca, só abanado pela vontade de Ghazaryan e Brito de assumirem protagonismo. Juntamente com estes dois atletas é de destacar a consistência demonstrada por Gottardi em mais um jogo - o lixo de uns é o ouro de outros.

Num jogo tão monótono e de tão poucas incidências, é de lamentar as perdas de Erdem Sen, ambas em lances de bola parada, e do infortúnio de Brito, ao atirar ao poste. Para ser justo, a expulsão Fábio Martins, jogador do Chaves, permitiu-nos ter mais posse de bola na segunda parte o que ainda assim não deu para conquistar os 3 pontos, tendo sido mesmo o Chaves a poder obtê-los em cima da hora, num contra-ataque onde um só jogador quase desmontou a nossa defesa e cuja inércia nesse lance é incompreensível.

No final do jogo, um respeitoso aplauso de praticamente todos os jogadores para com os maritimistas presentes, sendo devidamente retribuído com manifestações de apoio ao clube.

Em jeito de antevisão ao jogo de hoje e potencialmente ao que resta da época, é necessário perceber do que precisamos desportivamente para sermos competitivos. E para o perceber é necessário primeiro saber com o que contar. Neste momento, e no melhor cenário, que inclui Dyego no plantel, temos 12 jogadores competitivos. Algo que abane este conjunto de jogadores (como lesões ou castigos) não só é prejudicial a priori como é contagioso a todo o plantel, dados os escassos recursos. Se nesta altura podemo-nos gabar de ter um treinador ambicioso e aparentemente competente, não o podemos reiterar para o nosso plantel, pelo que novamente o mercado de Janeiro será decisivo para a definição da nossa posição na classificação na liga. Se não corrigirmos as lacunas evidentes, arriscamo-nos a mais um ano perdido, onde até poderemos ter um bom treinador (como o foram Pedro Martins e Ivo Vieira) mas sem potencial desportivo para sequer arriscarmos uma ida à Europa.

Jogos às 11h45 tratam-se de soluções de compromisso para quem se desloca a estes eventos, pelo que há vantagens (como um regresso antecipado via linha aérea, através do Porto) e desvantagens. Quem tem só vantagens são naturalmente as detentoras dos direitos de transmissão destes jogos, que podem encher uma time-slot teoricamente menos atractiva com jogos ao vivo.

É de saudar o regresso do GD Chaves à primeira divisão não só como justo representante da região transmontana, mas também pela hospitalidade e cortesia dos seus adeptos e simpatizantes, que ultrapassou a sua obrigação enquanto anfitriões e representou um escape àquele que é o actual futebol excessivamente televisionado e comentado por prima donnas conflituosas com necessidades especiais de atenção.


Imagens do jogo: 













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