quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Títulos pela culatra


Começamos este texto afirmando que não sofremos de complexo de inferioridade.

Temos perfeita noção de que existem clubes com maior e menor historial, menos e mais sócios, capazes de arrastar maiores ou menores multidões e têm a suportá-los maiores ou menores orçamentos. É a beleza do futebol, os clubes são todos diferentes e dentro de campo o resultado é sempre uma incógnita.

Sabemos igualmente que os órgãos de comunicação social, sejam eles genéricos, desportivos, regionais, privados ou públicos, têm de ganhar audiências e para isso têm de direcionar o seu produto (as notícias que transmitem) da melhor forma a que suscitem interesse e que vendam. Só assim se conseguem audiências e consequentemente a publicidade que suporta a sua existência. É a realidade do mundo em que vivemos. 

Entendível e aceitável, portanto. Porém, e porque o jornalismo responde a um código deontológico, algumas regras deveriam estar acima de interesses económico. Objectividade e Rigor estão presentes nesse mesmo Código Deontológico. Pois bem, o que assistimos – há demasiado tempo – é que o tratamento dado (e reafirmamos que entendemos que não possa ser exactamente igual) é de tal forma díspar, que verificamos frequentemente uma desigualdade tão grande, que é desprestigiante, roçando o ridículo. 

Os grandes futurologistas, entendidos na matéria, os enormes comentadores que sabem as estatísticas dos jogadores e equipas de toda a Europa, mas que não sabem que as equipas de futebol devem ser alvo dos mesmos níveis de Rigor jornalístico ainda não aprenderam que quando se menospreza as equipas menos cotadas (por eles), correm o sério risco de caírem no ridículo e no escárnio público?

Afinal, é precisamente o que criticam quando a equipa de maior orçamento perde um jogo com uma equipa com menores posses financeiras: “Os azuis não respeitaram o adversário, os vermelhos menosprezaram o factor casa da equipa do interior do país, os verdes facilitaram ao rodar a equipa”. Enfim, uma quantidade de frases feitas que são batidas em teclados sem sequer mencionar que havia duas equipas em campo e o mérito do adversário raramente é enaltecido. 

Decidimos recordar um pequeno exemplo do que falamos. Em 28/10/2015 decorreu o sorteio da fase de grupos Taça da Liga. Pela própria condicionante do regulamento da prova, já se sabia de antemão que os três do costume ficariam em grupos separados. Desequilibrado q.b.? Tudo indica que sim, mas pasme-se, falamos de futebol, o tal desporto fértil em surpresas e de resultados incertos. 

Os pasquins, suportados num “talvez”, “prevê-se”, “perspetiva-se” (expressões habilmente utilizadas para se protegerem de críticas e para se salvaguardarem de noticiarem mentiras) apressaram-se a antever resultados e respectivas passagens à fase seguinte.
Pois bem, aprendam com as vossas frases de algibeira e engulam os títulos antes do jogo jogado. Como é que é possível que quando um sorteio acabe de sair se menospreze as equipas em prova? São tudo favas contadas? Só há interesse quando há jogos entre os suspeitos do costume?
Pois é, ganhe quem ganhar, aconteça o que acontecer, estes títulos vão ter de os engolir.
Não sofremos de complexo de inferioridade. Mas queremos RESPEITO. Chupem a vossa asneira.








quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Liga NOS 2015/2016: Benfica- 6 / Marítimo- 0



Jogo marcado para meio de uma semana de trabalho às 19h00. Quando se pretende que os espectadores vão aos estádios, há medidas que não são entendíveis. Nós, pelo menos, não conseguimos compreender.

A esmagadora maioria dos nossos adeptos que acompanha a equipa nos jogos fora é composta por estudantes universitários (muitos ainda a gozar férias na Madeira) e trabalhadores que residem no Continente. Não foi de estranhar que não tivesse sido possível reunir um número significativo de adeptos. No entanto, por vezes mais vale poucos e bons, do que ter muitos madeirenses com tendências encarnadas, como já se tem visto nos últimos anos.

Em todo o caso, da nossa parte, fizemos a nossa obrigação – troca de horário de forma a ter tempo de chegar ao estádio – e saída de casa bem mais cedo do que o habitual.
Entre lesionados e castigados, entrámos em campo com cinco habituais titulares de fora (Rúben Ferreira, Fransérgio, Alex Soares, Ghazaryan e Patrick). Missão complicada, mas nada que diminuísse a esperança de sair da Luz com uma vitória. 

Início de jogo marcado pela lesão (só faltava mais esta) de Salin, logo aos 4 minutos de jogo. No entanto, a equipa não mostrava sinais de submissão. Com a equipa apostada em lances de contra-ataque e bem posicionada no terreno, Fernando Ferreira, aos 8 min e Dyego Sousa aos 20 min, estiveram muito próximos do golo. 

Numa altura em que começavam a ouvir-se assobios na Luz, e sem que nada o fizesse prever, Carcela cruza para o golo de Pizzi. Estavam jogados 30 minutos. Foi o sinal para uma queda abrupta no rendimento da equipa e 6 minutos depois o jogo estava em 3-0, em lances praticamente iguais. O nervosismo e a falta de rotinas pagam-se caro. 

A entrada para a segunda parte com um resultado tão desnivelado não antevia nada de bom, mas não teria sido necessário assinalar o penalti a castigar falta (?) de João Diogo sobre Jonas. Seguiu-se outro penalti (praticamente seguido) e o resultado final foi fixado aos 69 min.

Jogo sem história, mas que tem de ser registado. Não nos queremos alongar em culpados, esquemas tácticos e opções. Não é o nosso papel. Porém, a opinião é livre e jogos como este devem servir para balanços. 

A verdade – e isto é factual – é que temos a pior defesa do campeonato, a par do Belenenses (34 golos sofridos em 16 jogos). Ir a jogo sem cinco jogadores que regularmente fazem parte do 11 não é fácil, mas não justifica tudo. Não consideramos que tenha havido uma clara falta de atitude, mas equipa… esse conceito não existiu. Faltam-nos opções, existem lacunas no plantel que facilmente são postas a nú. O treinador, ora tem o apoio dos jogadores, como vem a público criticar de forma individual. 

Os mais atentos puderam ver o Marega, já depois de ter sido substituído, abandonar o banco de suplentes, desprezando quem o puxou para ali permanecer. Porventura não terá sido (mais) uma birra, mas a imagem que transpareceu foi essa. Mesmo que assim tenha sido, será certamente perdoado, como tem sido até aqui. Por nós, nem Eusébios (que foi justamente homenageado) teriam direito a perdões em (tantas) situações de indisciplina. 

O melhor do jogo estava reservado para depois dos 90. Ainda que breve, o convívio entre amigos, porque afinal quem faz o clube somos NÓS (sem patrocínios nem ironias). 



 Imagens do jogo