18 anos depois da sua última participação na 1ª divisão, o
regresso do Grupo Desportivo de Chaves ao principal escalão do futebol nacional
ditou o seu reencontro com o maior das ilhas e os diversos actores do Marítimo no
Rectângulo não puderam deixar de acompanhar a nossa equipa a um destino tão
longínquo como desafiador, cujas obrigações logísticas demonstraram ser mais
complicadas do que pareciam à partida.
O facto de o jogo estar agendado para as 11h45 de sábado,
obrigou a que a progressiva composição da nossa comitiva, geograficamente
distribuída pelo país, começasse em Lisboa às 22h de Sábado, passando por Braga
e culminando em Chaves para o apito inicial. Como é evidente, não é a logística
que inibe, na maior parte dos casos, os verdadeiros adeptos 100% maritimistas
de acompanharem a sua equipa país fora mesmo quando as estrelas não se alinham
no presente para resultados históricos.
De notar que este jogo surgiu na sequência de uma eliminação
precoce na taça de Portugal pelo que seria inadmissível um rendimento
semelhante ao evidenciado nessa competição.
Neste sentido, a equipa apresentou-se defensivamente mais
organizada, algo naturalmente correlacionado com o regresso de Raúl e
consequente regresso de Patrick à posição de lateral direito e de Deyvison à
lateral esquerda.
Se neste aspecto pudemos apresentar uma folha limpa no final
do jogo (embora amarrotada e não isenta de erros), a ausência absurdamente
prolongada de Dyego baralhou o resto da equipa em busca de soluções onde
aparentemente não as há.
Olhando para o meio campo e ataque alinhamos com Éber Bessa,
Erdem Sen, Ghazaryan e Fransérgio; Edgar Costa e Brito, i.e. a ausência de
qualquer avançado-centro de raiz, desviando a equipa do 4-3-3 que vinha
angariando pontos para um 4-4-2 que não só mitigou o potencial dos nossos alas,
como retirou rotinas nas manobras ofensivas. Será isto consequência da ausência
de Dyego, do atrevido meio campo do Chaves, que vinha a causar surpresa na liga,
ou ambas as hipóteses?
Independentemente da causa, a consequência foi um jogo tão
tímido como o da deslocação a Arouca, só abanado pela vontade de Ghazaryan e
Brito de assumirem protagonismo. Juntamente com estes dois atletas é de
destacar a consistência demonstrada por Gottardi em mais um jogo - o lixo de
uns é o ouro de outros.
Num jogo tão monótono e de tão poucas incidências, é de
lamentar as perdas de Erdem Sen, ambas em lances de bola parada, e do infortúnio
de Brito, ao atirar ao poste. Para ser justo, a expulsão Fábio Martins, jogador
do Chaves, permitiu-nos ter mais posse de bola na segunda parte o que ainda
assim não deu para conquistar os 3 pontos, tendo sido mesmo o Chaves a poder
obtê-los em cima da hora, num contra-ataque onde um só jogador quase desmontou a
nossa defesa e cuja inércia nesse lance é incompreensível.
No final do jogo, um respeitoso aplauso de praticamente todos os jogadores para com os maritimistas presentes, sendo devidamente
retribuído com manifestações de apoio ao clube.
Em jeito de antevisão ao jogo de hoje e potencialmente ao
que resta da época, é necessário perceber do que precisamos desportivamente para
sermos competitivos. E para o perceber é necessário primeiro saber com o que
contar. Neste momento, e no melhor cenário, que inclui Dyego no plantel, temos
12 jogadores competitivos. Algo que abane este conjunto de jogadores (como
lesões ou castigos) não só é prejudicial a priori como é contagioso a todo o
plantel, dados os escassos recursos. Se nesta altura podemo-nos gabar de ter um
treinador ambicioso e aparentemente competente, não o podemos reiterar para o
nosso plantel, pelo que novamente o mercado de Janeiro será decisivo para a definição da
nossa posição na classificação na liga. Se não corrigirmos as lacunas
evidentes, arriscamo-nos a mais um ano perdido, onde até poderemos ter um bom
treinador (como o foram Pedro Martins e Ivo Vieira) mas sem potencial
desportivo para sequer arriscarmos uma ida à Europa.
Jogos às 11h45 tratam-se de soluções de
compromisso para quem se desloca a estes eventos, pelo que há vantagens (como um
regresso antecipado via linha aérea, através do Porto) e desvantagens. Quem tem
só vantagens são naturalmente as detentoras dos direitos de transmissão destes
jogos, que podem encher uma time-slot teoricamente menos atractiva com jogos ao
vivo.
É de saudar o regresso do GD Chaves à primeira divisão não
só como justo representante da região transmontana, mas também pela
hospitalidade e cortesia dos seus adeptos e simpatizantes, que ultrapassou a sua
obrigação enquanto anfitriões e representou um escape àquele que é o actual
futebol excessivamente televisionado e comentado por prima donnas conflituosas
com necessidades especiais de atenção.
Imagens do jogo:
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